O bar estava cheio de pessoas perdidas...
Cada uma tentando se encontrar em outros sorrisos, outras bocas, nos caminhos dos outros sem ao menos darem-se conta que os caminhos dos outros são mais perdidos que os seus próprios... Somos cientes do nosso desencontro, mas é impossível não se buscar nos caminhos de outro alguém.
Em meio a esse turbilhão de encontros desencontrados, alguém preferia perder-se dentro de si...
A garota no bar, com um copo de vodka na mão, ansiedade no peito e uma mensagem na testa.
Ali, no canto do bar, quase ninguém a enxergava. Só alguém tão perdido quanto ela...
Ela parecia ter uma aura intocável que gritava: "Eu já encontrei!" Mas não era verdade. Estava perdida e não queria encontrar os caminhos errados de mais ninguém, queria apenas saber qual era o seu.
A música invadia o local e ninguém mais, além dela, parecia ouvir. Os perdidos não conseguem concentrar todos seus sentidos em um só alvo. Ela conseguia. Enquanto ele cantava "Pro dia nascer feliz", ela cantava “Essa é a vida que eu quis”...
Mas de repente tudo foi ficando escuro, de uma cor estranha que ela não saberia identificar. As pernas fraquejaram, o chão se abriu e ela caiu. Caiu em si. Desabou na verdade de seus desencontros e se perdeu de vez. Ali, sozinha, como se ninguém mais pudesse vê-la... Se foi...
As pegadas deixadas pelo chão não caberiam nos pés de mais ninguém...